ruídos

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Poema de Claudia Roquette-Pinto



os teus ruídos deixam a casa útil
agora o talco mancha nossos pés mas
os sons
os sons é que te fazem jus

chuveiro: as paredes chiam lívidos
cochichos tua líquida nudez
a lâmina bate em morse pela pia
escorre espuma uns flocos sem voz

em todos os rumores um rumor
- teu corpo, sempre prestes a fluir -
correndo pela casa em que habitas
que habitas com teu ser de água e luz




Fonte: "Os dias gagos", Edição da autora, 1991.
Originalmente publicado em: "Os dias gagos", Edição da autora, 1991.