No sinal

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Poema de Claudia Roquette-Pinto



Coisas borradas,
não corroboram os sentimentos,
rímel que escorre sob a torrente,
gota última de sangue
a pingar do coração envolto em espinho
(lágrima de suco, puro brilho
no anúncio da Espremedora Faet).
A paisagem toda desmancha,
esvaece sob a névoa,
o sorriso enfraquece e dói no rosto
manter o equilíbrio da composição.
Parada no sinal eu vi no posto
um coração cheio de gasolina
(logo abaixo alguém encostou uma placa:
Mecânico-Eletricista).




Fonte: "Margem de manobra", Editora Aeroplano, 2005.
Originalmente publicado em: "Margem de manobra", Editora Aeroplano, 2005.