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Poema de José Albano
Se dum tormento vem maior tormento,
Se, duma mágoa, maior mágoa nasce,
Quem na vida tristíssima e fugace
De penas pode acaso andar isento?
Destarte, inexorável e cruento,
Nunca o fado deixou que se abrandasse
A minha dor, nem deixa que se passe
Sem pranto e sem gemido um só momento.
E em vão os meus cuidados suavizo,
As lágrimas me correm pelo rosto
E o coração é tímido e indeciso.
Numa saudade eterna vivo posto:
Acabou-se o meu sonho d’improviso,
Nunca mais se acabou o meu desgosto.
Fonte: "Rimas de José Albano", Pongetti, 1948.
Originalmente publicado em: "Rimas - Redondilhas; Rimas - Alegoria, Canção a Camões, Ode à Língua Portuguesa", Oficinas de Fidel Giró, 1912.