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Poema de José Albano
Já não vejo, senão na fantasia,
Aquele meigo olhar e riso brando,
Riso que me ia o próprio céu mostrando,
Olhar que o próprio sol escurecia.
Já não ouço a cadência fugidia
Daquela terna voz, de quando em quando,
Amorosos acentos modulando
Na mais suave e doce melodia.
Ó triste saudade, ó mágoa escura!
Como pode viver quem geme e chora
Pelo bem que deseja e em vão procura?
Ai de mim, que me tudo falta agora;
Aos meus olhos serena formosura
E aos meus ouvidos música sonora.
Fonte: "Rimas de José Albano", Pongetti, 1948.
Originalmente publicado em: "Rimas - Redondilhas; Rimas - Alegoria, Canção a Camões, Ode à Língua Portuguesa", Oficinas de Fidel Giró, 1912.