Carnaval
Poema de Gilka Machado
Quem és tu que me vens trajando a fantasia
do meu sonho sonhado em vinte anos de dor?
Quem és tu cujo olhar ardente desafia
Quem és tu cujo olhar ardente desafia
todo meu raciocínio e todo meu pudor?
De tal modo teu corpo ao meu corpo se alia
que chegamos, agora, a um só todo compor,
e, em vão, te olho do rosto a máscara sombria,
na ânsia de te sentir a verdade interior.
Quem és tu? - nada sei! Nesta paixão de um dia,
às eterizações do ambiente embriagador,
perco-me a te buscar, numa doce agonia.
Quem me dera, nesta hora, a ti mesmo transpor,
e ver, de ti no fundo, esse alguém que me espia
dentro do Carnaval desta noite de amor!
Fonte: "Velha poesia", Tipografia Baptista de Souza, 1965.
Originalmente publicado em: "Velha poesia", Tipografia Baptista de Souza, 1965.
Fonte: "Velha poesia", Tipografia Baptista de Souza, 1965.
Originalmente publicado em: "Velha poesia", Tipografia Baptista de Souza, 1965.