Olhos morrentes
Poema de Gilka Machado
Olhos que meu olhar vive a supor
sejam feitos de mel, feitos de pelos;
olhos que fora meu prazer mordê-los,
gozar-lhes as maciezas e o dulçor.
Olhos que amo com ódio, ardendo em zelos,
na ânsia de os reavivar, de os recompor;
lindos olhos que têm mudos apelos,
na saudade imortal de um velho amor!...
Olhos de olhar tão místico, tão brando,
que penso estejam sempre agonizando,
num, largo e longo e indefinido adeus.
Olhas-me: teus olhares são desfolhos...
fecho os olhos temendo que teus olhos
vão rolar, vão morrer dentro dos meus.
Fonte: "Velha poesia", Tipografia Baptista de Souza, 1965.
Originalmente publicado em: "Velha poesia", Tipografia Baptista de Souza, 1965.
Fonte: "Velha poesia", Tipografia Baptista de Souza, 1965.
Originalmente publicado em: "Velha poesia", Tipografia Baptista de Souza, 1965.