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Poema de Gilka Machado



Ser a atmosfera que respiras,
conter-te em mim como numa redoma,
entrar-te pelo olfato, assim como as espiras
invisíveis do aroma...

Ser teu ambiente,
ser teu espaço circundante,
sentindo em mim roçar, constantemente,
teu gesto palpitante...

Ser o silencio em que te enfurnas,
guardar teus lentos
pensamentos,
pelas horas noturnas...

Ser o teu sono, sentir-te assim
como ninguém te sente
- abandonado completamente,
completamente esquecido em mim...

Oh! meu prazer!
- sentir-te e penetrar-te;
- em toda hora, em toda parte,
gozar teu ser!
sem que o pudesses perceber;
- ser por ti absorvida;
- encher com minha vida a tua vida.



Fonte: "Estados de Alma", 1917.
Originalmente publicado em: "Estados de Alma", 1917.


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