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Poema de Ronald de Carvalho



Longe do teu olhar a terra é escura,
A flor não viça, as águas são pedrentas;
As horas, de saudosas, são mais lentas,
E amarga mais nas almas a amargura.

Longe do teu olhar toda a doçura
Dos campos foge em brumas fumarentas,
E a ventura da vida, que alimentas,
Pouco e pouco se volve em desventura.

Ora, se a Natureza assim castigas,
E se as coisas amigas e inimigas
Mergulha tua ausência em prantos e ais;

Que poderei dizer, então, da minha,
Da minha natureza tão mesquinha
Que teu olhar não ilumina mais!



Fonte: "Poemas e sonetos", Leite Ribeiro & Mourillo, 1919.
Originalmente publicado em: "Poemas e sonetos", Leite Ribeiro & Mourillo, 1919.