Quadras populares 741 a 760
Poema anônimo
741
Passarinho preso canta,
Preso deve de cantar;
Como é preso sem ter culpa,
Canta para aliviar.
Preso deve de cantar;
Como é preso sem ter culpa,
Canta para aliviar.
742
Passando por tua porta,
Pus a mão na fechadura:
Abre-te, peito tirano,
Coração de pedra dura.
743
Pinica, meu bem, pinica,
Pinica, meu bem-me-quer;
Ou me mata ou me da vida
Ou larga pra quem quiser.
745
Parece uma cousa feita
Esse nosso querer bem,
Pois não casando comigo
Não caso com mais ninguém.
Esse nosso querer bem,
Pois não casando comigo
Não caso com mais ninguém.
(Coisa feita = mandinga, feitiço)
746
Pessegueiro da cidade,
Cravos da vila de Santos,
Quem me mandou querer bem
Moça querida de tantos?
747
Plantei um cravo na boca,
A raiz saiu no dente;
Eu não posso dar um beijo
No meio de tanta gente.
748
Por de traz daquela serra
Tem uma serra maior;
Se o seu amor é sargento,
O meu é sargento mór.
749
Passa por mim nem me saúda
Nem o seu chapéu me tira:
De certo foram contar
De mim alguma mentira.
750
Passarinho pintassilgo
Chegou na janela e disse:
"Vida de solteira é alegre,
Vida de casada é triste."
751
Passarinho, bate asa,
Vai ver quem meu peito adora;
Se tu fores desprezado,
Bate asa e vem-se embora.
752
Parece que é lá da estranja
Esse nosso violeiro;
Pela postura dos dedos
É do Rio de Janeiro.
756
Quem tem ciúmes não dorme
Nem de noite, nem de dia,
E dá mais voltas na cama
Do que o peixe n'água fria.
Nem de noite, nem de dia,
E dá mais voltas na cama
Do que o peixe n'água fria.
758
Quem nasce, nasce pra lutas,
De lutar tem o dever:
Combater pela verdade,
Pelo justo combater.
760
Quando se tem a certeza
De ter cumprido um dever,
Mesmo os insultos mais vis
Nobres prêmios podem ser.
Fonte: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.
Originalmente publicado em: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.
De ter cumprido um dever,
Mesmo os insultos mais vis
Nobres prêmios podem ser.
Fonte: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.
Originalmente publicado em: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.