Gramática da felicidade
Poema de Mario Quintana
Vivemos conjugando o tempo passado (saudade, para os românticos) e o tempo futuro (esperança, para os idealistas). Uma gangorra, como vês, cheia de altos e baixos - uma gangorra emocional. Isto acaba fundindo a cuca de poetas e sábios e maluquecendo de vez o homo sapiens. Mais felizes os animais que, na sua gramática imediata, apenas lhes sobra um tempo: o presente do indicativo. E que nem dá tempo para suspiros...
Fonte: "Poesia Completa", Editora Nova Aguilar, 2006.
Originalmente publicado em: "A vaca e o hipogrifo", 1977.