Eterna mágoa

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Poema de Augusto dos Anjos



O homem por sobre quem caiu a praga
Da tristeza do mundo, o homem que é triste
Para todos os séculos existe
E nunca mais o seu pesar se apaga!

Não crê em nada, pois nada há que traga
Consolo à mágoa a que só ele assiste.
Quer resistir e, quanto mais resiste,
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga.

Sabe que sofre, mas o que não sabe
É que essa mágoa infinda assim não cabe
Na sua vida, é que essa mágoa infinda

Transpõe a vida do seu corpo inerme;
E quando esse homem se transforma em verme,
É essa mágoa que o acompanha ainda!



Fonte: "Eu", Edição do Autor, 1912.
Originalmente publicado em: "Eu", Edição do Autor, 1912.