Quadras populares 521 a 540


Poema anônimo



521

Menina de saia branca
Rasteirinha pelo chão,
Na orla de tua saia
Navega meu coração.

522

Minha mulata bonita,
Teu cachorro me mordeu;
Eu, porém, como te amo
Namoro tudo que é teu.

523

Meu benzinho da minh'alma,
Laço da minha paixão,
Se eu hei de viver sem ti,
Não quero ter vida, não.

524

Minha flor de laranjeira,
Minha laranja da China,
Nas horas que não te vejo
Meu coração desalinha.

525

Minha senhora me diga:
Quem no mundo é seu amor?
Quero saber de que sorte
Hei de sentir minha dor.

526

Minha janela quadrada
Feita de pedra morena,
Se eu não lograr os teus olhos
Toda a vida terei pena.

527

Meu amor quando se foi
Nem de mim se despediu,
Num instante deu mil voltas,
De repente se sumiu.

528

Meu amor é um vidrinho
Feito com muita invenção,
Com qualquer arrufo quebra,
Não atura ingratidão.

531

Menina de lenço branco,
Trata mas é de o queimar,
Que lenço branco é feitiço
E eu não quero enrabichar.

532

Meu amor ainda ontem
Pela porta me passou;
Por causa da vizinhança
Nem o chapéu me tirou.

533

Menina, vamos jogar
O jogo da douradinha:
Se eu perder, você me ganha,
Se eu ganhar, você é minha.

534

Morena, se tu soubesses
O brilho que a rosa tem,
Panhava sol e sereno
Pra ficar rosa também.

536

Menina, quem vos contou
Que esta noite serenou?
Deitado nos vossos braços
Sereno não me molhou.

537

Minha sogra não me quer,
Nem seu cunhado também;
Paciência, minha sogra,
Sua filha me quer bem.

538

Morena, minha morena,
Sentemos e conversemos;
E, se houver algum perigo,
Somos solteiros - casemos.

539

Meu coração é relógio,
Minh'alma dá badaladas;
Nos dias que não te vejo
Eu trago as horas contadas.

540

Meu amor é pequenino,
Do tamanho de um botão:
De dia trago no peito,
De noite no coração.



Fonte: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.
Originalmente publicado em: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.