Quadras populares 461 a 480


Poema anônimo



461

Minha viola está dizendo
Que a prima está com uma dor;
Minha gente, venha ver
A fama do cantador.

462

Meu amor mora na roça
Na figura de um ratinho;
Rói aqui, rói acolá,
Vai seguindo o seu caminho.

463

Meu amor mora na roça
Na figura de um sapinho;
Pula aqui, pula acolá,
Vai andando seu caminho.

464

Meu amor é pequenino,
Do tamanho de um botão:
De dia trago no peito,
De noite no coração.

465

Mamãe, eu tenho um segredo
Que vou contar amanhã;
É lindo como são lindos
Os olhos de minha irmã.

466

Mamãe, mamãe, dai-me água,
Oh, meu Deus, que sede eu tenho!
Mamãe, que doce gostoso
Comi no céu de onde venho.

467

Minha mana Mariquinhas
Vamos à praia passear,
Vamos ver a barca nova
Que do céu caiu no mar.

468

Meu amor é um diamante,
Nem assim não digo bem :
O diamante tem preço,
Meu amor preço não tem.

469

Mulata, minha mulata,
Desconjunta este quadril,
Que a mulata quando dança
Tira fogo sem fuzil.

470

Meu mano, meu camarada,
Tudo no mundo é assim:
Comigo ocê fala de outros,
Com outros ocê fala de mim.

471

Muito sinto ser cativo,
Servir a muito senhor;
Um manda, outro desmanda,
Cada qual com seu rigor.

472

Menina, por Deus te peço.
Por Deus lhe torno a pedir:
Nesses braços onde eu durmo
Não deixe a outro dormir.

473

Minha gente, venham ver
Coisa que nunca se viu:
O tição brigou com a brasa
E a panelinha caiu.

474

Meu querido e amado bem
A quem sempre idolatrei,
Inda que me custe a vida
Sempre firme te serei.

475

Minha mãe era uma rata,
Meu pai um sacirérê;
Minha mãe morreu de fome,
Meu pai de tanto comê.

476

Meu benzim, boca de cravo,
Capella de São João,
Cadeado de meu peito,
Chave do meu coração.

478

Muito padece quem ama,
Mais padece quem te adora,
Mais padece quem não vê
Cada instante sua senhora.

479

Meu benzinho, diga, diga,
Por sua boca confesse:
Se já no mundo se achou
Quem tanto amor lhe quisesse.

480

Morena, minha morena,
Tesouro do meu viver,
Muito tenho de sentir
No dia em que te perder.



Fonte: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.
Originalmente publicado em: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.