Quadras populares 201 a 220


Poema anônimo



201

Carta, quem te perguntar
Quem foi o teu escrivão,
Diga que foi uma pena
Tirada do coração.

203
Canta o galo, rompe o dia,
Cai o sereno no chão;
Eu também quero cair
Dentro do teu coração.

204

Cachorro que late grosso
É bonito quando acoa:
- Um amor quando é de gosto
Ai, meu Deus, que coisa boa!

205

Caititu do mato grosso
Corre mais do que cotia;
Quando eu vejo moça velha
Tomo a bença, chamo tia.

206

Coração que vive triste
Viva alegre, se puder;
Coração que vive triste
Nunca consegue o que quer.

207

Cravo de amor ofendido,
O que fiz hoje não faço;
Porque então eu dava a vida,
Hoje não dou nem um passo.

208

Caí no mar e salvei-me,
Nele não pude afogar.
Mas afoguei-me em teus olhos
Mais pequenos do que o mar.

209

Cravo branco, luz do dia,
Jasmim da minha alegria;
Quem me dera morar perto
Para te ver todo o dia.

210

Cupido por ser amante
Aprendeu ser cravador,
Para cravar de brilhantes
O peito de seu amor.

211

Cambaleão foi ao palácio
Falar com o presidente,
É coisa que eu nunca vi
Cambaleão falar com gente.

213

Cada vez que o galo canta
Da banda que vós morais,
Suspiros de vez em quando,
Saudades cada vez mais.

214

Cravo, não bulas com a rosa,
Deixa a rosa na roseira:
Tu bem sabes que é pecado
bulir com moça solteira.

215

Coração que dois adora
De um deles há de esquecer :
Não esqueça de seu velho,
Do novo pode esquecer.

216

Com amor fiz este lenço,
Com amor eu t’o vou dar;
Ele vai cheio de amor,
Com amor queira aceitar.

217

- Canoeiro, canoeiro,
Que que trouxe na canoa?
- Trouxe ouro, trouxe prata,
Trouxe muita cousa boa.

219

Coitadinho de quem anda
Fora de seu natural;
Se um dia passa bem,
Três e quatro passa mal.

(Natural = terra natal)

220

Cambiteiro, cambiteiro,
Onde foram cambitar?
Cambita, cana caiana,
Bota pro engenho central.



Fonte: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.
Originalmente publicado em: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.