Quadras populares 121 a 140
Poema anônimo
121
A folha do limoeiro
Não bole senão com o vento;
Meu amor não aparece.
Ou não pode ou não tem tempo.
122
Ai, morena, se eu morrer
Sem teus carinhos lograr,
Eu virei lá do outro mundo
Na tua porta penar.
123
A rua da Venda Nova
É comprida e sem largura;
Toda menina de lá
Tem perna de saracura.
124
A folha da malva rosa
É viçosa no nascer:
Coração tão amoroso
Como o meu não pode haver.
125
Ai vai meu coração
Partido em quatro pedaços;
Eu morro por teus carinhos,
Vou acabar em teus braços.
126
A moça que eu quero bem
Tem uma falha de dente,
Sobrancelhas bem fechadas
E olhos de matar a gente.
127
A rosa estava doente,
O cravo foi visitar;
A rosa deu um suspiro,
O cravo pega a chorar.
128
Adora, pateta, adora,
Que teu corpo sentirá;
Morrendo vais para o inferno.
- É o pago que amor dá.
130
A rosa foi para a cadeia
Chorando a sua prisão;
O jasmim chegou na grade :
"Paciência, coração."
132
A sempre-viva não abre,
Não abre senão de tarde;
Coração que ama dois
Ama um com falsidade.
133
Água do rio se abrande,
Me deixe apanhar meu peixe;
Enquanto mundo for mundo,
Meu benzinho, não me deixe.
134
Arruda tem vinte folhas,
No meio seu arrodeio ;
Trata de mim que sou teu,
Deixa de amores alheios.
135
Amarrei o sol com a lua
Com uma fita de verdade,
Arriscando a minha vida
Pra te fazer a vontade.
136
A paixão quer me matar,
Saudade me consumir;
Adeus, meu anjo querido,
Té quando eu te possuir.
137
A garça vai avoando.
Os encontros vão rangindo:
O moço quando vê moça
Fecha o olho e vai se rindo.
138
As saudades me convidam,
Suspiros me põem a mesa;
Em mim não há falsidade,
Sou firme por natureza.
139
Ai, menina, pede a Deus,
Que eu peço a São Vicente:
Que Deus nos junte a nós dois
Numa casinha sem gente.
140
Atirei um limãozinho
Na menina da janela;
Ela chamou-me doidinho.
Mais doidinho ando eu por ela.
Fonte: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.
Originalmente publicado em: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.