Para o teu amor
Poema de Leonor Posada
Irei ao teu amor levando n'alma
a ânsia grandiosa do universo inteiro
que é todo um palpitar que não se acalma.
O Sonho, um grande Sonho alvissareiro,
à minha frente irá, pelos caminhos,
abrindo as rendas brancas do nevoeiro...
E em meu cortejo, alegres passarinhos
trinarão da sonata as melodias
na orquestração suavíssima dos ninhos.
Quimeras mil, de vestes alvadias,
irão tecendo à luz de sol bem louro
o motivo das minhas alegrias...
Nas pálpebras descidas, o tesouro
de tantos sóis, hei de guardar, brilhando,
qual se tivesse os próprios olhos de ouro...
E te verei, ao longe me acenando,
à porta desse templo majestoso
que em mistérios e amor nos vem chamando;
e tendo asas nos pés e o peito ansioso
perderei a noção dos próprios passos
chegando a ti, já tão de mim saudoso!
Como um raio de luz vence os espaços,
aflita, irei buscar minha alegria
na proteção segura dos teus braços...
Fonte: "Plumas e espinhos", Casa Valente, 1926.
Originalmente publicado em: "Plumas e espinhos", Casa Valente, 1926.