Para a conquista

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Poema de Leonor Posada



Simples e bom, agora é que começas
da existência a provar amargos travos...
Mal tentaste a escalada - já tropeças -,
alçaste o voo e às mãos prendem-te cravos...

Afeito à suavidade dos arminhos,
viver pensaste adormentado às dores...
Saibas: da flor podem brotar espinhos;
espinhos nunca exsurgirão em flores...

Amas da vida a remansosa alfombra,
onde ciciem tímidas cigarras...
Teu erro é esse: é perigosa a sombra
e é sob os velos que se ocultam garras...

Grita bem alto o teu deslumbramento;
estende ao sol teu sonho e teu desejo;
se um dia te chegar o sofrimento
que ele te seja uma saudade e um beijo...

Segue impassível teu caminho... Sobe
aonde de glória a fronte se enevoa;
- que um gesto teu a Natureza englobe -
e, olhando os homens com desdém - perdoa.



Fonte: "Plumas e espinhos", Casa Valente, 1926.
Originalmente publicado em: "Plumas e espinhos", Casa Valente, 1926.

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