Luz

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Poema de Leonor Posada



Em plena luz me banho e me extasio!
Tenho fulgurações estranhas
n'alma; brilhos tenho.
Como um rio,
levo palhetas de ouro no meu sonho
e mal contenho
o ardor que torna o meu viver risonho.
Ardo e cintilo, qual se fora
estrela singular;
por onde passo, seja noite... aurora...
fica a esteira brilhante,
fascinante,
do meu passar...

Canto... e um perfume no meu canto mora.
Vibro... palpito...
Sussurros ouço... desconheço o grito
da angústia e o desespero que devora!
Música estranha, melodia infinda,
segue meus passos pela vida afora;
- vida que sinto cada vez mais linda,
- dia que é sempre aurora,
repleto do fulgor, da claridade
da minha sonhadora mocidade!....



Fonte: "Plumas e espinhos", Casa Valente, 1926.
Originalmente publicado em: "Plumas e espinhos", Casa Valente, 1926.