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Poema de Leonor Posada
Não sei se te agradeça o bem passado
ou seja do presente esta amargura:
- tem pouca duração toda a ventura
e tem a mágoa em nós longo reinado.
Se a sós, às vezes, sonho-te a figura,
nunca me vens de risos aureolado,
mas sim por minhas penas evocado,
numa saudade que te transfigura.
Quero-te mais depois que te partiste...
Vives em mim, dentro do meu sonho triste,
como vive no espaço a luz da estrela
cuja fonte de vida se estancara,
mas que inda envia à terra, ardente e clara,
uma réstia de luz para aquecê-la...
Fonte: "Plumas e espinhos", Casa Valente, 1926.
Originalmente publicado em: "Plumas e espinhos", Casa Valente, 1926.