Falando a esmo III
Poema de Sarah de Tobias
Nua, solto o cabelo, o corpo meu exponho
À carícia sutil dos teus olhos profanos;
E ébria do meu amor, rolo de sonho em sonho
Pelo abismo sem fim, dos delírios insanos.
Canto a glória pagã e em cada estrofe ponho
Toda a força e a expressão dos impulsos humanos...
Vibro no meu retiro e os versos que componho
Têm a rude impulsão dos desejos tiranos...
Em ânsias me debato, em delírios me agito,
Imitando a solidão, insondável e muda,
No desejo da posse auscultando o infinito...
E demoro o olhar a percorrer o espaço
E o espaço, altivo, infinito, em chamas se transmuda
Para envolver sutil meu casto corpo lasso...
Fonte: "Emoções secretas", Placido & Silva Editores, 1924.
Originalmente publicado em: "Emoções secretas", Placido & Silva Editores, 1924.