Falando a esmo I
Poema de Sarah de Tobias
I
Se não ardesse em chamas o desejo,
Se não vivesse na alma do perfume
Tudo o que aspiro e vejo:
Que seria de mim, triste sozinha,
Adivinhando o teu perfil, no lume,
Sentindo que o desejo te adivinha?
Que seria de mim? Vamos, responde,
- Na solidão amarga do meu leito,
Onde o perfume teu se esconde,
Sonhando o afago das tuas mãos profanas
A percorrer nervosas o meu peito -
Se eu soubesse amanhã que tu me enganas?
Mas, não, devo espantar essas ideais,
Devo afastar essa cruel tortura
E rebentar da sociedade as teias...
Eu sinto a chama ardente do desejo
E vibrar dentro em mim uma loucura
Que me impele à conquista do teu beijo.
A mentira social repilo inteira,
Antes ébria de amor morrer amando
A viver prisioneira
Das suas leis fingidas, mentirosas,
Dentro da solidão agonizando
Como as rosas...
Se não vivesse na alma do perfume
Tudo o que aspiro e vejo:
Que seria de mim, triste sozinha,
Adivinhando o teu perfil, no lume,
Sentindo que o desejo te adivinha?
Que seria de mim? Vamos, responde,
- Na solidão amarga do meu leito,
Onde o perfume teu se esconde,
Sonhando o afago das tuas mãos profanas
A percorrer nervosas o meu peito -
Se eu soubesse amanhã que tu me enganas?
Mas, não, devo espantar essas ideais,
Devo afastar essa cruel tortura
E rebentar da sociedade as teias...
Eu sinto a chama ardente do desejo
E vibrar dentro em mim uma loucura
Que me impele à conquista do teu beijo.
A mentira social repilo inteira,
Antes ébria de amor morrer amando
A viver prisioneira
Das suas leis fingidas, mentirosas,
Dentro da solidão agonizando
Como as rosas...
Fonte: "Emoções secretas", Placido & Silva Editores, 1924.
Originalmente publicado em: "Emoções secretas", Placido & Silva Editores, 1924.