Declínio
Poema de Henriqueta Lisboa
Declinam as auras
que estiveram no auge.
Estancam-se as águas
que abalavam rochas.
Os áugures fogem
que moviam numes.
Que força subverte
sem recurso as auras
as águas os áugures:
balanço e repúdio
de gestos incautos
ou simples querela
de rebentos outros?
O certo é que as auras
já não mais ofendem
e as águas e os áugures
sumiram no tempo.
No tempo que exorta
demitindo auréolas
denegrindo expostos
soçobrando espectros.
Fonte: "Obra completa", Editora Peirópolis, 2020.
Originalmente publicado em: "Miradouro e outros poemas", Editora Nova Fronteira, 1976.
Fonte: "Obra completa", Editora Peirópolis, 2020.
Originalmente publicado em: "Miradouro e outros poemas", Editora Nova Fronteira, 1976.