Crepúsculo
Poema de Ronald de Carvalho
A tarde e o silêncio...
Janelas fechadas,
vidraças coloridas
no crepúsculo vermelho, pérola e violeta.
Gritos roucos de buzina,
apitos longínquos de fábricas,
murmúrio de vozes,
aéreo murmúrio indeciso.
Os grilos começam a trilar.
Calaram-se as cigarras
nas árvores pesadas...
Outra vez
a tarde e o silêncio...
Nas ruas compridas
dança a poeira dourada do crepúsculo.
Quando virás? Ainda voltarás?
Ah! ninguém sabe como é lindo o crepúsculo
quando há lágrimas nos olhos!
A tarde e o silêncio...
Dança a poeira nas ruas compridas.
A noite cai sobre as árvores pesadas.
Fonte: "Epigramas irônicos e sentimentais", Anuário do Brasil, 1922.
Originalmente publicado em: "Epigramas irônicos e sentimentais", Anuário do Brasil, 1922.