Canção da vida cotidiana

Imagem de Ronald de Carvalho

Poema de Ronald de Carvalho



O sol brilha nas pedras da rua pobre e pequenina,
entre as pedras da rua humilde o mato cresce.
De uma janela aberta vem uma voz dolente,
uma voz sem timbre, uma voz de lágrimas ignoradas...

O sol queima as couves dos quintais desertos.
Vibra na luz o olho metalifico de uma poça d'água.

(Rua pobre e pequenina, onde o mato cresce,
rua monótona como o céu azul,
rua monótona como a noite cheia de estrelas,
rua dos muros caiados e dos jardins sem flores,
rua dos pregões melancólicos e inúteis,
rua da vida quotidiana...)



Fonte: "Epigramas irônicos e sentimentais", Anuário do Brasil, 1922.
Originalmente publicado em: "Epigramas irônicos e sentimentais", Anuário do Brasil, 1922.

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