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Poema de Alphonsus de Guimaraens
A ventura de amar é passageira
E ao sofrimento os beijos não compensam...
O afago é como a derradeira benção
Que recebemos na hora derradeira.
Brandos risos de amor há que nos vençam.
Bocas em flor são frutos de romeira...
Mas há também os risos da caveira,
E os amorosos nele nunca pensam.
Feliz de quem, toda a ilusão perdida,
Sente nas ondas túmidas do seio
Somente o palpitar das agonias...
Feliz de quem, toda a ilusão perdida,
E vê nos olhos de volúpia cheios,
Sinistramente, as órbitas vazias...
Fonte: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.
Originalmente publicado em: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.