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Poema de Alphonsus de Guimaraens



Se eu procurasse a minha cova ausente,
Bem pode ser à beira desta estrada
Ante a minha alma a visse de repente,
Boca vazia ao luar escancarada...

Mas nessa hora de horrores que pungente
Espanto! Alma no amor crucificada,
Branca, fugindo silenciosamente,
Talvez que o teu olhar não visse nada.

Tanto é certo, meu Deus, na vida impura,
Não podermos saber onde marcados
Estão os palmos de cada sepultura...

Pois, talvez, ao crepúsculo indeciso
Que me encaminha os passos fatigados,
Seja-me a cova o chão que agora piso...



Fonte: "Kiriale", Tipografia Universal, 1902.
Originalmente publicado em: "Kiriale", Tipografia Universal, 1902.