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Poema de Alphonsus de Guimaraens



Quem sonha vive numa eterna festa...
Ilusão! Ilusão! pluma de arminho
A que o sonho um fulgor de lua empresta!
Vai-se depressa a tua cor de linho.

A cada passo que nós damos, resta
Uma esperança morta no caminho.
É como alguém que vai pela floresta
E a cada passo vê tombar um ninho.

Quanto mais pela vida nós seguimos,
Mais longe fica o céu que estava perto.
Entenebrecem da montanha os cimos.

Sonho! Ilusão! ressurge o dia, incerto...
E ainda uma vez veremos, como vimos,
O sol iluminar este deserto.



Fonte: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.
Originalmente publicado em: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.