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Poema de Alphonsus de Guimaraens
Manhãs hilares, manhãs
Cheias de alegrias vãs
E de vãos contentamentos.
Estou coberto de cãs...
São os últimos momentos.
Estou bem pobre, bem pobre!
Da alva ao poente cor de cobre,
Por mares de além viajo...
E este manto que me cobre
É o meu derradeiro andrajo.
Doce alma, como te vais
Gemendo de frágua em frágua...
Noites de inverno, glaciais,
Noites que não findam mais,
Abrigai a minha mágoa!
Eu só conheço o caminho
Que volta para a saudade.
Tédio atroz, meu bom vizinho.
Tende dó deste velhinho,
Tão velho na flor da idade...
Fonte: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.
Originalmente publicado em: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.