*
Poema de Alphonsus de Guimaraens
Foi-se, como a formosura,
A luz ideal do meu sonho.
É com sorrisos que ponho
Os pés sobre a sepultura.
Já ninguém hoje me espera
E em ninguém tenho esperança.
Fui tão moço, tão criança!
Já morreu a primavera.
No jardim dos meus martírios,
Não colhi cravos nem rosas.
Em vez de estrelas radiosas.
Somente o céu me deu círios.
Como quem vai para um trono,
Caminho para a velhice:
Tecem-me os versos que disse
Uma coroa de outono.
E quando chegar o inverno,
O pôr-do-sol indeciso,
Dai-me, ó Deus, o paraíso,
Pois sempre vivi no inferno.
Fonte: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.
Originalmente publicado em: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.