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Poema de Alphonsus de Guimaraens



Ficávamos sonhando horas inteiras,
Com os olhos cheios de visões piedosas:
Eramos duas virginais palmeiras,
Abrindo ao céu as palmas silenciosas.

As nossas almas, brancas, forasteiras,
No éter sublime alavam-se radiosas.
Ao redor de nós dois, quantas roseiras!
O áureo poente coroava-nos de rosas.

Era um harpejo de harpa todo o espaço:
Mirava-a longamente, traço a traço,
No seu fulgor de arcanjo proibido.

Surgia a Lua, além, toda de cera…
Ai como suave então me parecera
A voz do amor que eu nunca tinha ouvido!



Fonte: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.
Originalmente publicado em: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.

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