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Poema de Alphonsus de Guimaraens



Como os outros pensei (ó primavera,
Tão longe estás!) que o meu amor fazia
Lírios, rosas sorrirem-se e que ele era
Toda a cor, toda a luz, toda a harmonia:

E que se dava o luar a quem espera
Tantos sonhos de luz, certo seria
Por causa desta espiritual quimera
Que pelas noites claras me seguia...

Hoje penso que é a minha desventura
Que envolve a lua em crepes, e entre círios
Faz a noite, que é negra, mais escura...

E pois se há no jardim tantos martírios,
É que ela causa a morte doce e pura,
Doce morte! dos cravos e dos lírios...



Fonte: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.
Originalmente publicado em: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.

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