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Poema de Alphonsus de Guimaraens



As ovelhas vão para o aprisco...
Ide, sonhos, dormir em doce calma.
(A ventura passou como um corisco
            Pelo céu da minha alma.)

Quantos gemidos, quantas agonias
Na longa estrada por onde vim...
(Irreparáveis, meu Deus, os dias
            Perdidos atrás de mim!)

Tédio, pastor de ovelhas, chora
O desespero que não mais se acalma...
(A desventura está rezando agora
            Na igreja da minha alma.)

Quantos gemidos, quantas agonias
Até que chegue, afinal, o fim...
(Sem esperança, meu Deus, os dias
            Que tenho diante de mim!)



Fonte: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.
Originalmente publicado em: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.