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Poema de Alphonsus de Guimaraens
Ando colhendo flores tristes:
Um goivo aqui, outro acolá...
Moças, porque não me sorristes?
Vossos sorrisos, flores tristes,
Eu não sei quem os colherá.
Eu colho flores para os noivos
Que já não querem sonhar mais.
Nos vossos olhos nascem goivos...
Dai-me essas flores para os noivos
Que têm amadas celestiais.
Ando colhendo roxas flores:
Quantas saudades não colhi!
Eu já não tenho mais amores,
Pois vossos beijos, roxas flores,
Não mais florescem por aqui.
Eu colho flores para as mortas...
Quantos sepulcros enfeitei!
Dai-me grinaldas para as portas
Por onde vão saindo as mortas
Com que sonhei, com que sonhei !
Fonte: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.
Originalmente publicado em: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.