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Poema de Alphonsus de Guimaraens
A aurora loira que me guiava os passos,
Dentro do sonho etéreo em que eu vivia,
Encheu-se toda de clarores baços. ..
Nunca mais para mim nasceu o dia.
Olhos cansados de sofrer! os laços
De luz em que ela a rir vos envolvia...
Tudo desfeito desde que os seus braços
Penderam hirtos para a terra fria.
Foi bem rápido o instante em que de neve
Se fez a rósea cor daquele rosto,
Que a morte em haustos bafejou de leve.
Disse à minha alma: - Porque tal desgosto?
A lastimá-la morta quem se atreve?
Quem tem pena do sol porque ele é posto?
Fonte: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.
Originalmente publicado em: "Pastoral aos crentes do amor e da morte", Monteiro Lobato & Cia. Editores, 1923.