Os retratos
Poema de Mario Quintana
Os antigos retratos de parede
não conseguem ficar longo tempo abstratos.
Às vezes os seus olhos te fixam, obstinados
porque eles nunca se desumanizam de todo.
Jamais te voltes para trás de repente.
Não, não olhes agora!
O remédio é cantares cantigas loucas e sem fim..
Sem fim e sem sentido
Dessas que a gente inventava para enganar a solidão dos caminhos sem lua.
Fonte: "Poesia Completa", Editora Nova Aguilar, 2006.
Originalmente publicado em: "Esconderijos do tempo", 1980.