Velhas tristezas
Poema de Cruz e Souza
Diluências de luz, velhas tristezas
Das almas que morreram para a luta!
Sois as sombras amadas de belezas
Hoje mais frias do que a pedra bruta.
Murmúrios incógnitos de gruta
Onde o mar canta os salmos e as rudezas
De obscuras religiões - voz impoluta
De todas as titânicas grandezas.
Passai, lembrando as sensações antigas,
Paixões que foram já dóceis amigas,
Na luz de eternos sóis glorificadas.
Alegrias de há tempos! E hoje e agora,
Velhas tristezas que se vão embora
No poente da saudade amortalhadas!...
Fonte: "Broquéis", Magalhães & Cia Editores, 1893.
Originalmente publicado em: "Broquéis", Magalhães & Cia Editores, 1893.