Serenata

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Poema de Vicente de Carvalho



Pela vasta noite indolente
Voga um perfume estranho.
Eu sonho. E aspiro o vago aroma ausente
Do teu cabelo castanho.

Pela vasta noite tranquila
Pairam, longe, as estrelas.
Eu sonho. O teu olhar também cintila
Assim, tão longe como elas.

Pela vasta noite povoada
De rumores e arquejos
Eu sonho. É tua voz, entrecortada
De suspiros e de beijos.

Pela vasta noite sem termo,
Que deserto sombrio!
Eu sonho. Inda é mais triste, inda é mais ermo
O nosso leito vazio.

Pela vasta noite que finda
Sobe o dia risonho.
E eu cerro os olhos para ver-te ainda,
Ainda e sempre, em meu sonho.



Fonte: "Poemas e Canções", Cardozo, Filho e Cia, 1908.
Originalmente publicado em: "Poemas e Canções", Cardozo, Filho e Cia, 1908.

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