Percamo-nos
Poema de Nestor Victor
Percamo-nos e, à custa de perder-nos
Um pelo outro, na vida feia e dura
Há de, oh amor, por força pertencer-nos
Um dia ao menos de real ventura!
Não um só dia! Pode a vida inteira
Ser luz de irradiar belo e infinito,
Quando nos doura os olhos a cegueira
Que o amor derrama pródigo e bendito!
Ah! dá-me o teu amor, nos elevemos,
E lá bem alto, sem saber de nada,
Viver num beijo eterno poderemos,
Julgando a terra em flor e iluminada!
Fonte: "Transfigurações", H. Garnier, 1902.
Originalmente publicado em: "Transfigurações", H. Garnier, 1902.