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Poema de Francisco de Paula Brito



Se eu pudesse viver sem que te visse,
Se eu pudesse te ver sem que te amasse,
Sem que, por não te. ver, me incomodasse,
Sem que, por não te amar, me consumisse;

Se, te vendo partir também partisse,
Embora onde estivesses não me achasse,
Porém de ti tão próximo, ficasse
Que a todo instante, sem te ver, te ouvisse:

Viveria sem ver-te; - mas te vendo
E, depois de te ver, tendo-te amado,
Minha glória é por ti viver morrendo!

Tal é, Senhora, meu presente estado!
De te ver e te amar não me arrependo;
Meu tempo tenho em ti bem empregado.



Fonte: "Poesias", Tipografia Paula Brito, 1863.
Originalmente publicado em: "Livrinho das moças", 1856.