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Poema de Francisco de Paula Brito
Lutas debalde, coração queixoso,
Ferido do aguilhão do pensamento;
Me diz um natural persentimento
Que não nasceste para ser ditoso!
Do bem por quem te matas desejoso,
Teu prazer é teu próprio sofrimento;
A esperança é teu único alimento,
Esse do ser moral gozar penoso!
Havendo para amor igual medida,
Nos mostra o mundo que a paixão mais forte
Não é sempre a mais bem correspondida...
Traz o que nasce já consigo a sorte!...
O bem que às vezes faz de um peito a vida,
Causa outras vozes de outro peito a morte!
Fonte: "Poesias", Tipografia Paula Brito, 1863.
Originalmente publicado em: "Livrinho das moças", 1856.