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Poema de Francisco de Paula Brito
Já me canso, Senhora, de pedir-vos
Baixa do posto em que servido tenho;
Quem pede um tal favor, com tanto empenho,
O desejo não nutre de iludir-vos.
Vós, pensando melhor, deveis remir-vos
Do que de vos lembrar eu me abstenho;
Por isso o que pedir-vos hoje venho,
Já me canso, Senhora, de pedir-vos.
Dai-me, eu insisto, a minha liberdade;
Sois tão má para mim sendo tão bela
Que temo não servir-vos com vontade.
O dano se previne com a cautela:
Preso por vós de amor, nutro a maldade;
Solto, fujo de vós; fugi vós dela.
Fonte: "Poesias", Tipografia Paula Brito, 1863.
Originalmente publicado em: "Livrinho das moças", 1856.