O anoitecer


Poema de Raimundo Correa



Vê; esbraseia o ocaso na agonia
O sol; aves em bandos destacados
Por céus de ouro e de púrpura raiados
Fogem... fecha-se a pálpebra do dia...

Delineiam-se além da serrania
Os vértices de chama aureolados
E em tudo em torno esbatem derramados
Uns tons suaves de melancolia...

Um mundo de vapores no ar flutua;
Como uma informe nódoa, avulta e cresce
A sombra proporção que a luz recua...

A natureza apática esmaece...
Pouco a pouco entre as árvores a lua
Surge trêmula, trêmula... Anoitece!



Fonte: "Sinfonias", Livraria editora de Faro & Lino, 1883.
Originalmente publicado em: "Sinfonias", Livraria editora de Faro & Lino, 1883.


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