Noite de chuva


Poema de Raimundo Correa



Disse-me que voltasse.
E eu prometi, dizendo-lhe: - até logo!
Mas chove assim! Como atender-lhe ao rogo?
Como voltar, sem que esta chuva passe?

Cá dentro tanto fogo!
E água tanta lá fora!... Se eu fumasse?
E fumo. Chove... Se eu jogasse? E jogo.
Chove mais... Se eu beber? Chove... Ora dá-se !

E sonho-a: abre-me a porta;
Lábios parte num riso; olhos requebra;
Pende em meus ombros, cismativa e absorta...

Tomo-lhe a mão, e afago-a...
Oh! quem as grades vis sacode e quebra
Dessas, que me detêm, cadeias d'água!



Fonte: "Versos e versões", Moreira Maximino & Cia, 1887.
Originalmente publicado em: "Versos e versões", Moreira Maximino & Cia, 1887.

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