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Poema de Manoel de Barros
Naquele dia eu estava um rio.
O próprio.
Achei em minhas areias uma concha.
A concha trazia clamores do rio.
Mas o que eu queria mesmo era de me
aperfeiçoar quanto um rio.
Queria que os passarinhos do lugar
escolhessem minhas margens para pousar.
E escolhessem minhas árvores para
cantar.
Eu queria aprender a harmonia dos
gorjeios.
Fonte: "Poesia Completa", Editora Leya, 2010.
Originalmente publicado em: "Menino do mato", 2010.