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Poema de Hilda Hilst



Ver-te. Tocar-te. Que fulgor de máscaras.
Que desenhos e ríctus na tua cara
Como os frisos veementes dos tapetes antigos.
Que sombrio te tornas se repito
O sinuoso caminho que persigo: um desejo
Sem dono, um adorar-te vívido mas livre.
E que escura me faço se abocanhas de mim
Palavras e resíduos. Me vêm fomes
Agonias de grandes espessuras, embaçadas luas
Facas, tempestade. Ver-te. Tocar-te.
Cordura. Crueldade.



Fonte: "Da Poesia", Editora Companhia das Letras, 2017.
Originalmente publicado em: "Do desejo", Editora Pontes, 1992.