Decadência
Poema de Nestor Victor
Eu vou perdendo totalmente quanto
A alma de um noivo deve ter consigo.
Murcham-se as flores, emurchece o acanto
Que floresciam em meu casto abrigo.
Murcha o sorriso nos meus lábios. Tanto,
A mim, que de sonhar fui tão amigo,
Custou-me o andar sonhando, que ao encanto
Dos sonhos fujo, como de um perigo.
Assim estou. Assim se vai levando
Da mocidade a taça, a que esvazia
O tê-la cheia a andar-se caminhando.
Mas tu não vens!... - Esperarás o dia
Em que, de tudo se desesperando,
Perdendo tudo, fique a boca fria?!
Fonte: "Transfigurações", H. Garnier, 1902.
Originalmente publicado em: "Transfigurações", H. Garnier, 1902.