Canção da formosura
Poema de Cruz e Souza
Vinho de sol ideal canta e cintila
Nos teus olhos, cintila e aos lábios desce,
Desce à boca cheirosa e a empurpurece,
Cintila e canta após dentre a pupila.
Sobe, cantando, à limpidez tranquila
Da tua alma estrelada e resplandece,
Canta de novo e na dourada messe
Do teu amor se perpetua e trila...
Canta e te alaga e se derrama e alaga...
Num rio de ouro, iriante, se propaga
Na tua carne alabastrina e pura.
Cintila e canta na canção das cores,
Na harmonia dos astros sonhadores,
A canção imortal da formosura!
Fonte: "Broquéis", Magalhães & Cia Editores, 1893.
Originalmente publicado em: "Broquéis", Magalhães & Cia Editores, 1893.