Rio acima


Poema de Raimundo Correa



Frio, nas baixas safaras da riba,
Rolando as vagas túrgidas, tamanhas,
Por florestas, por vales, por montanhas.
Serpenteia espumante o Paraíba;

Guando o tufão as selvas e os palmares
Bravejando vandálico devasta,
Na móbil superfície o rio arrasta
Hartos madeiros, troncos seculares...

Então, enquanto sobre as águas descem
Esses espólios do combate ingente,
Veem-se ilhas cobertas de verdores.

Belas, florentes balsas, que parecem
Subir de um lado e de outro lentamente,
Como baixeis fantásticos de flores....



Fonte: "Sinfonias", Livraria editora de Faro & Lino, 1883.
Originalmente publicado em: "Sinfonias", Livraria editora de Faro & Lino, 1883.