Acrobata da dor

Imagem de Cruz e Souza

Poema de Cruz e Souza



Gargalha, ri, num riso de tormenta,
Como um palhaço que, desengonçado,
Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
De uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
Agita os guizos e, convulsionado,
Salta, gavroche, salta clown, varado
Pelo estertor dessa agonia lenta...

Pedem-te bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
Nessas macabras piruetas de aço...

E embora caias sobre o chão, fremente,
Afogado em teu sangue estuoso e quente,
Ri! Coração, tristíssimo palhaço.



Fonte: "Broquéis", Magalhães & Cia Editores, 1893.
Originalmente publicado em: "Broquéis", Magalhães & Cia Editores, 1893.


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