Triunfo supremo
Poema de Cruz e Souza
Quem anda pelas lágrimas perdido,
Sonâmbulo dos trágicos flagelos,
É quem deixou para sempre esquecido
O mundo e os fúteis ouropéis mais belos!
É quem ficou do mundo redimido,
Expurgado dos vícios mais singelos
E disse a tudo o adeus indefinido
E desprendeu-se dos carnais anelos!
É quem entrou por todas as batalhas,
As mãos e os pés e o flanco ensanguentando,
Amortalhado em todas as mortalhas.
Quem florestas e mares foi rasgando
E entre raios, pedradas e metralhas,
Ficou gemendo, mas ficou sonhando!
Fonte: "Últimos sonetos", Aillaud & Cia , 1905.
Originalmente publicado em: "Últimos sonetos", Aillaud & Cia , 1905.